João Abel Manta

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João Abel Manta nasceu em Lisboa, a 29 de janeiro de 1928. Filho dos pintores Abel Manta e Maria Clementina Carneiro de Moura Manta “…cresce numa casa de Santo Amaro de Oeiras [...] convivendo com alguns dos intelectuais mais importantes da época que se tornam amigos de seus pais" [1] , como Manuel Mendes ou Aquilino Ribeiro. Viaja longamente com os pais. Conhece Espanha, Inglaterra, Holanda, mas serão sobretudos as viagens a Paris e Itália que o irão marcar. Inscreve-se no curso de arquitetura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, que termina em 1951 e onde faz amizade com Sá Nogueira e José Dias Coelho, entre outros; integra-se desde muito cedo na intelectualidade lisboeta ligada aos movimentos de esquerda que se opunham à ditadura fascista de Salazar e Marcelo Caetano; participa no MUD Juvenil. Terminado o curso, trabalha em associação com Alberto Pessoa, mas abandona progressivamente a arquitetura ao longo dos anos de 1960, expandindo a atividade por uma multiplicidade de áreas, das artes plásticas à cenografia, destacando-se em particular como cartoonista na década seguinte.
A sua pintura, numa primeira fase neofigurativa e eivada de ironia surrealista, tomou depois uma feição de carácter abstrato. Foi o autor das tapeçarias do Salão Nobre da sede da Fundação Calouste Gulbenkian. Utilizou o cartoon como forma privilegiada de retrato da sociedade, evidenciando-se de forma ímpar, nos anos 1974 e 1975, como os mais fecundos da sua produção. Publicou o álbum “Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar” (1978), síntese de vincada e sofisticada ironia, onde o lápis do artista traça um quadro negro, mas preciso, daquele período da nossa história.
No contexto da arte pública interveio nos pavimentos de mosaico para arruamentos na Praça dos Restauradores, em Lisboa, e na Figueira da Foz. No campo da azulejaria concebeu em Lisboa os painéis: do restaurante do Hotel da Avenida Infante Santo (1952), da Escola Primária do Alto dos Moinhos (1955) e do revestimento do monumental mural da Avenida Calouste Gulbenkian, aplicado em 1982 (concebido em 1970). Foi ainda autor da série de painéis cerâmicos para o Teatro Gil Vicente, em Coimbra (1955), dos azulejos para os edifícios da Associação Académica de Coimbra (1959), bem como de uma composição geométrica para a Caixa Geral de Depósitos, em Mafra (1972).