Raul Ferrão

About
Raul Ferrão nasceu a 25 outubro 1889 em Lisboa – Portugal e faleceu a 30 de abril de 1953 na mesma cidade. Foi compositor para teatro de revista, operetas, cinema, fado e marchas populares. É tido como um dos compositores para teatro de revista e cinema mais prolíficos e requisitados em Portugal. Com Raul Portela, Frederico Valério, Fernando de Carvalho, José Galhardo e Alberto Barbosa compôs para algumas das revistas de maior sucesso comercial. A ele se deve o maior êxito mundial do fado: Coimbra, fado também conhecido como April in Portugal, celebrizado em todo o mundo por Amália Rodrigues. Escreveu música para operetas como A invasão, Nazaré, Colete encarnado ou Senhora da Atalaia. No cinema escreveu canções para, entre outros, os filmes A canção de Lisboa (1933), A Aldeia da Roupa Branca (1939), A varanda dos rouxinóis (1939) e Capas negras (1947). Foi, ainda, dos compositores que mais contribuiu para a configuração e divulgação do "fado-canção". Ao nível estilístico, preferia formas com refrão, desenvolvendo melodias fluidas e de fácil memorização sobre uma progressão harmónica convencional (I-IV-V). Tendo passado a infância entre Aveiro e Lisboa, frequenta o Colégio Militar entre 1901 e 1907, ano em que ingressa na carreira militar. Participa, até 1917, em comissões de serviço em Angola, no âmbito da I Guerra Mundial. Após esta fase e paralelamente à carreira militar, tira o curso de Engenharia Química Industrial no Instituto Superior Técnico, Lisboa, e exerce funções como comandante da Oficina de Espingardeiros na Fábrica de Material de Guerra de Braço de Prata, Lisboa. Em 1923 inicia a sua carreira como compositor para teatro, escrevendo canções para programas de variedades no Salão Foz, Lisboa, e outros teatros. Em 1925, com o compositor Angel Goméz (com o qual aprendeu orquestração) e o escritor Álvaro Leal, começa a escrever para operetas e teatro de revista (Prata da casa: série de 8 quadros de conjunto (a fingir uma revista). No mesmo ano, co-funda a Sociedade dos Escritores e Compositores Teatrais Portugueses (precedente da atual Sociedade Portuguesa de Autores) e torna-se seu vice-presidente, cargo que viria a ocupar até 1952. Envolvidos nesta sociedade, estavam também Álvaro Afra, Feliciano Santos e Mario Duarte. A partir de 1935, associa-se a Norberto Araújo e afirma-se como um dos principais compositores de marchas populares. De entre as suas funções, destacam-se a escrita de originais, arranjos de temas do teatro de revista para a ocasião, ensaios e direção dos cavalinhos. Em 1945/1946 recebe o Prémio Filipe Duarte do SNI por Menina Lisboa da opereta A invasão (juntamente com José Galhardo - autor da letra - e Mirita Casimiro - intérprete de canto). Em 1946/1947 é-lhe atribuído o Prémio Del Negro por Trapeiras de Lisboa, incluída na revista Canções Unidas (juntamente com Fernanda Baptista - intérprete de canto). No final da década de 40 passa a reserva das Forças Armadas. De seguida, torna-se professor de Órgãos de Máquinas e Metalomecânica no Instituto dos Pupilos do Exército, Lisboa. Continua, paralelamente, a compor até à data do seu falecimento.
 
Ref. bib.
Centro de Estudos de Teatro & Tiago Certal. (2008). Ficha de pessoa: Raul Ferrão. Retrieved from http://ww3.fl.ul.pt/CETbase/reports/client/Report.htm?ObjType=Pessoa&ObjId=19244
Moura, N. C. (2007). Indispensável dirigismo equilibrado: O fundo de teatro entre 1950 e 1974. Universidade de Lisboa, Portugal. Retrieved from http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/472/2/21475_ulfl071874_tm_vol_2.pdf
Ramos, J. L. (2012). Dicionário do cinema português: 1895-1961. Lisboa: Editorial Caminho.
Silva, J. (2010). Ferrão, Raul. In S. Castelo-Branco (Dir.), Enciclopédia da música em Portugal no século XX (pp. 476–477). Lisboa: Círculo de Leitores/ Temas e Debates.