Reinaldo‏ Varela

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Reinaldo Augusto Álvares Pereira Leite da Silva Varela, conhecido como Reinaldo Varela, nasceu em 1867 em Ponte de Lima, Viana do Castelo – Portugal e faleceu a 24 de dezembro de 1940 em Lisboa – Portugal. 
Foi guitarrista, cantor, professor, compositor e letrista. Assinou diversos fados que perduram nos repertórios contemporâneos, como o Fado das 3 horas (1887), o Fado bohemio (1896), Fado Estoril (1901) e Fado republicano (composto cinco dias após a Implantação da República, a 10 de outubro de 1910). Foi também criador de métodos para diferentes cordofones, nomeadamente do Compendio mais correcto e augomentado para aprender a tocar guitarra sem musica e sem mestre… (189-?), do Methodo practico e simples para aprender a tocar bandolim sem musica (189-?), do Methodo facil de viola franceza para aprender sem musica (189-?) e de Breves explicações sobre o processo de tocar guitarra e bandolim, pelo systema de algarismos (1900). Em 1913 obteve o 2º prémio num concurso organizado pelo jornal A canção de Portugal: O fado no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
Reinaldo Varela foi um dos artistas destacados para a primeira sessão de gravação da Gramophone Company em Portugal - entre outubro e novembro de 1900, na cidade do Porto -, onde gravou cerca de 17 temas compreendidos entre as designações “(…) de fado e outro tipo de canção popular” (Losa, 2014, p. 109). Nesta sessão, interpretou, entre outras, uma das primeiras versões em disco do Fado d’Anadia e do Fado de Coimbra, surgindo o seu nome associado aos descritivos “tenor” e “ac. guitarra”. Sendo um dos artistas mais requisitados para gravação – em cilindro e disco – entre o final do séc. XIX e as primeiras duas décadas do séc. XX, foram já identificados cerca de 140 fonogramas editados pelas maiores companhias discográficas internacionais à época com a sua intervenção (Melo, 2010; Vernon, 1998).
Descrito como um exímio concertista, entre 1907 e 1910, Reinaldo Varela terá participado, na qualidade de acompanhador à guitarra, numa ceia oferecida "(…) no antigo Paraizo de Lisboa, por D. Caetano de Bragança, a que assistiram todos os fidalgos da época e na qual também cantou essa boémia do Fado que foi Julia 'Florista'“(Machado, 1937, p. 98-99). Machado (1937) afirma que, nessa ocasião, Varela terá tocado na guitarra que pertencera ao Conde de Vimioso.  Como professor terá ainda “(…) sido responsável pela formação musical de membros da Casa Real (…) e da aristocraccia lisboeta. Esta ligação à corte e à aristocracia (…) [inseriu] Reinaldo Varella no 'circuito de mecenato aristocrático', de que, segundo Rui Nery, alguns fadistas então gozavam" (Losa, 2014, p. 134).
"(…) Reinaldo Varela, cujo nome glorioso se encontra gravado a ouro na História do Fado" (Machado, 1937, p.190), era oriundo de uma família com uma ligação à música intergeracional, destacando-se: Frei Domingos de S. José Varella - "organista e organeiro muito notavel, natural de Guimarães" (Vieira, 1900, p. 384), autor de vários compêndios dedicados a diferentes domínios da música -, padre José Varella (colaborador de Frei Domingos na construção de órgãos), padre João de Azevedo Varella (organista na Catedral de Guimarães) e Jeronymo Varella (pianista, organista e compositor). No seu seio familiar, “(…) o seu pai era cantor, o seu irmão tabelião e autor de várias obras de música sacra e dois dos seus tios eram músicos, tendo um deles desenvolvido a sua actividade no âmbito de estruturas militares, enquanto o outro foi um dos primeiros organistas e concertistas portugueses" (Melo, 2010, p.1310). O seu filho, Renato Varela, tornou-se, posterior e igualmente, fadista, sendo ele autor do Fado Varela.
 
Ref. bib.
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