Cruzeiro Seixas

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Cruzeiro Seixas nasceu a 3 de dezembro de 1920, em Lisboa e estudou na Escola António Arroio. Em 1942 começa a encontrar-se com colegas seus: Azevedo, Mário Cesariny, Vespeira, Pomar, João Moniz Pereira, constituindo um grupo vanguardista, com tendências semelhantes às dos dadaístas. Cruzeiro Seixas realiza logo de seguida desenhos neo-realistas e depois, em 1946, é um dos primeiros daquele grupo a conceber desenhos oníricos que o aproximarão do surrealismo. Não pertence, porém, à primeira tentativa de criação de um grupo surrealista lisboeta, em 1947; mas em 1949 e 1950 participa em exposições em que se proclama surrealista juntamente com Cesariny, Risques Pereira, António Maria Lisboa, Pedro Oom, Fernando José Francisco, Fernando Alves dos Santos, Carlos Eurico da Costa e Carlos Calvet.
Em 1950, Cruzeiro Seixas apresenta construções de arame e meias de seda, que impressionam o público mais atento. A conjugação da agressividade e da sensualidade surge em numerosos desenhos e colagens, onde persegue a pesquisa constante do maravilhoso. Os seus desenhos, de execução meticulosa, exploram os contrastes da luz e sombra de um modo preciosístico, fascinantes pelo seu poder metafórico. A partida para Angola, onde exporá com escândalo em 1953 e em 1957, criou um vazio no público e nos artistas mais jovens a quem o surrealismo interessava, uma vez que ele foi o único pintor que continuou a desenhar, enquanto os outros abandonavam essa atitude ética e estética. Os seus desenhos, enviados de longe, eram admirados nos cafés pelos poetas e pelos jovens artistas.
Em 1964, Cruzeiro Seixas volta a Lisboa e expõe individualmente pela primeira vez em 1967, na Galeria Buchholz, revelando a continuidade de uma obra feita entretanto, mantendo os mesmos processos e atitudes. Passa a realizar objetos insólitos, colagens de humor negro e, naturalmente, desenhos. A sua pintura, com fraco sentido da cor, fica aquém do que exprime nas outras modalidades, mas a sua simbologia é progundamente vivida, com os seus sóis, corpos animalescos, espelhos, planícies, chaves...
Ref. bib.
In. 100 pintores portugueses do Século XX, Rui Mário Gonçalves, Edição Alga, pg 108