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Le sel brûle

Pintura
ID: MusA-76
Data:
1944 (criação)
Medidas:
81 cm;100 cm (altura;largura) Óleo sobre tela (técnica)
Descrição:
Mulheres trabalham numa salina, transportando o sal de canastras à cabeça. É dado um grande plano à matriz quadriculada de muros brancos, onde é produzido o sal marinho. A salina surge assim como uma plataforma quadriculada rebaixada e delimitada por um socalco elevado. 
A acompanhar o primeiro plano, duas mulheres dirigirem-se para um monte de sal, de canastras à cabeça. Deslocam-se de costas viradas, sobre um muro da salina, que também serve de via, para outras mulheres que vão e vêem. Ambas de lenços e chapéu tradicional à cabeça, uma veste vestido vermelho vivo outra vestido bordeaux com avental rosa.
O segundo plano abarca a restante área da salina. À esquerda, traçadas em linhas ordenadas verticalmente, três filas de "células" são ocupadas alternadamente por montes de sal branco. Num deles alguém retira o sal que é carregado nos cestos das mulheres. As restantes "células" da salina enundam-se de água salgada azul refletindo o colorido da indumentária das trabalhadoras. Num dos caminhos formado pelos muros da salina, algumas mulheres esperam, junto a um dos montes de sal, que as suas canastras fiquem cheias. Outras, partem com as mesmas já pesadas, pelo mesmo muro onde se encontram as duas mulheres de vestidos vermelho vivo e bordeaux.
A salina é circunscrita por um socalco que forma o ângulo de um quadrado. A acompanhar o terceiro plano o declive do socalco une-se numa única plataforma elevada onde repousa a planície algarvia.
A acompanhar a linha do horizonte, do lado esquerdo da tela, salienta-se um edifício, de telhado vermelho. Este acompanha longitudinalmente o traçado do socalco da salina. Do lado direito, uma mancha de vegetação verde escura, povoada por ponteados brancos, perfila o céu azul enublado.
É possível rever este cenário no quadro "Le dur travail des salines" (UA-HB-P-28). O denominador comum entre ambas as telas (trabalho das mulheres nas salinas)  é reforçado por elementos figurativos presentes em ambas que transmitem uma sensação de "dejá vue". É notável a semelhança entre o ângulo de perspetiva de desenho da salina, a ordenação vertical dos montes de sal, a existência do edifício comprido de telhado vermelho e até a presença e postura da mulher de vestido vermelho vivo. A policromia é muito semelhante, não diferindo em nada a tonalidade da salina entre ambas as obras.
História/origem:
A primeira fase da carreira de pintora de Hélène de Beauvoir é considerada figurativa. Não querendo copiar as tendências em voga na época, recusou experimentar o género mais abstrato, mais cubista, mais “picassiano”. É inspirada por alguns pintores expostos no Louvre, nomeadamente por Antoine Watteau, por quem ela demonstra ter bastante admiração. Os seus quadros combinam vários géneros bem como elementos pictóricos próprios do século XVIII, como o elemento feminino e apaixonante e as paisagens bucólicas. Os críticos da época consideram que a sua pintura é sustentada por uma tradição muito clássica, firme na sua maneira de pintar e no equilíbrio da sua composição (L’Européen, 1936). 
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