Alves Coelho

About
João Rodrigues Alves Coelho, conhecido como Alves Coelho, nasceu a 27 de janeiro de 1882 em Arganil, Coimbra – Portugal e faleceu a 23 de outubro de 1931 em Lisboa - Portugal. Foi compositor, arranjador, maestro, diretor musical e professor primário.
Durante a sua carreira compôs cerca de 8 operetas,1 obra sacra, 15 obras diversas, 4 vaudevilles e cooperou em cerca de 40 produções de teatro de revista, registando-se como, “(…) no seu tempo, um dos principais autores de revistas (…)" (Neves, 2006 in A Comarca de Arganil, 19 jan. 2006). Ao nível da sua vasta produção para teatro de revista – o género em que mais se destacou – são de salientar as colaborações em O 31 (1913), que esteve nos palcos durante 10 anos em teatros de Lisboa, do Porto e de várias cidades brasileiras; O dia do juízo (1915), de onde faz parte a canção de sua autoria Adelaides e Cartolinhas; O novo mundo (1916), cujo Fado do Ganga resultou num grande êxito; Lua Nova (1922); Cabaz de morangos (1926); Rosas de Portugal (1927); O manjerico (1928); Pó de Maio e Chá de parreira (1929) e Vamos ao vira (1931). Colaborou frequentemente com os compositores Tomás Del Negro, Carlos Calderón, Luís Filgueiras, Raul Portela, Venceslau Pinto (entre outros) e com autores como Silva Tavares, José Galhardo, Alberto Sousa, Félix Bermudes, Ernesto Rodrigues, João Bastos e Eduardo Schwalbach. Compôs o Hino oficial do Sport Lisboa e Benfica (1929), em coadjuvação com Félix Bermudes, autor da letra. 
Além de dirigir e organizar com frequência os ensaios e apresentações das produções musicais em que esteve envolvido, foi ainda diretor musical e maestro do agrupamento musical Troupe Portugal, que se apresentou em Portugal, Espanha e Marrocos, interpretando a sua música.
Segundo Luciano Reis (2008), “era muito acarinhado nas parcerias de autores e pelos actores e actrizes da sua época, uma das mais credenciadas, na história do espectáculo da revista à portuguesa” (in A Comarca de Arganil, 1 abr. 2008, p. 7), e a sua música era acarinhada pelo público: “(…) as suas obras (…) falavam aos seus corações de portuguêses, caindo bem no ouvido e natural agrado de toda a gente pelas suas composições simples mas elegantes, a que não faltava o mérito do compositor que tinha já um nome a respeitar. A sua obra vasta e completa, a que a grande imprensa fez alusão laudatória, e verdadeiramente merecida, dá conta do seu valor musical (...)" (in A Comarca de Arganil 27 out. 1931, p. 3).
De acordo com a publicação do jornal A Comarca de Arganil, de 27 de outubro de 1931, Alves Coelho era descrito como: "(…) grande e inolvidável amigo de Arganil (…), aquela alma franca e aberta, em que não se podiam abrigar (…) nem sequer o menor ressentimento (…), porque o seu temperamento de verdadeiro artista pairava no domínio sempre superior da arte sublime a que se dedicou, e para que tinha uma irresistível e natural tendência (…) pelo seu talento musical, revelado numa vida de trabalho honrado e intenso, em que ele conquistou pelo seu saber verdadeiros triunfos que tanto o impuzeram sempre á consideração do publico" (“Falecimentos: Vítima de uma congestão cerebral, faleceu inesperadamente em Lisboa o popular maestro e nosso ilustre conterrâneo sr. Alves Coelho,” 1931).
Filho de João Rodrigues Alves e Maria Libânia Pereira Coelho, começou a frequentar aulas de música com o reitor de Arganil, Luís Caetano Lobo, ainda durante a sua infância. Em 1893, partiu para Coimbra, com vista à frequência do seminário, onde realizou os exames preparatórios. Com o falecimento do pai, em 1898, abandonou o seminário e, mais tarde, mudou-se para Lisboa, onde estudou na Escola Normal Primária de Lisboa. Quando aqui concluiu os estudos, foi considerado apto para exercer o magistério primário e nomeado para lecionar na Escola Oficial de Mafra, Lisboa. De acordo com Luciano Reis (2007), "do seu diploma da Escola Normal, consta que, tendo feito o exame de canto coral, nesse exame alcançou a classificação de 20 valores" (in A Comarca de Arganil, 18 dez. 2007, p. 3). Posteriormente, demitiu-se do cargo de professor da Escola Oficial de Mafra e foi nomeado para um cargo do Ministério de Instrução, tendo, após esta fase, sido reintegrado no seu cargo de professor e nomeado regente (diretor) da Escola Municipal nº 78 de Lisboa.
Casou-se com Anália da Conceição Henriques (Alves Coelho após o matrimónio) e teve dois filhos: João Sérgio Alves e Alberto dos Anjos Alves Coelho. Este último viria a seguir as pisadas do progenitor e a dedicar-se à música ligeira, sendo autor de sucessos - como Olhos castanhos e Cartas de amor - e assinando os seus discos como Alves Coelho Filho.
Em 1902, Alves Coelho estreou-se como compositor para a opereta Visões de Rabi, da autoria de Raimundo Alves. Esta foi estreada por um grupo de amadores de uma academia recreativa que existia na antiga Travessa do Despacho - atual Rua de Santa Marta - em Lisboa e "(…) foi mais tarde exibida várias vezes no antigo Teatro da Rua de S. Bento [Lisboa]” (Galvão, 1991 as cited in Biblioteca Miguel Torga, 2009, p. 1). Entre 1902 e 1905 estreou-se como compositor para teatro de revista, tendo composto para Saúde e fraternidade, estreada no Porto. No entanto, a sua presença assídua como compositor deste género só se viria a verificar a partir de 1911, ano em que compôs para a revista Está certo, de Júlio Dumont, e para a revista Peço a palavra (em parceria com Tomás Del Negro), de João Bastos e Álvaro Cabral.
A 21 de abril de 1913, em carta ao advogado Veiga Simões, faz referência a um artigo jornalístico de apoio à “Filarmónica de Arganil” (Filarmónica Arganilense seria a designação oficial em 1911) e afirma que pretende tornar-se sócio da mesma (bem como da Associação de Socorros Mútuos que que se pretendia fundar na vila), propondo-se a escrever obras para a filarmónica e a ajudar no que for necessário e que esteja ao seu alcance.
Em 1929 foi condecorado com o grau de cavaleiro da Ordem de Santiago da Espada.
Faleceu - a 23 de outubro de 1931 - pelas 20h30 na sua residência na Rua do Amparo, nº 66, 1º, em Lisboa, vítima de uma congestão cerebral (expressão utilizada, no passado e de forma genérica, para denominar uma série de quadros clínicos relacionados, frequentemente, com o edema cerebral) "de que fora acometido na quarta-feira anterior, quando em plena actividade no Teatro Avenida, presidia aos ensaios de coristas da nova revista (...) ["Vamos ao Vira"]" (in A Comarca de Arganil, 27 out. 1931, p. 2 ), indo a sepultar no Cemitério dos Prazeres, Lisboa.
Em 1954 foi homenageado com a inauguração do Teatro Alves Coelho em Arganil.
 
Ref. bib.
Biblioteca Municipal Miguel Torga. (2009). Alves Coelho: Maestro e compositor arganilense. Retrieved from https://bibliotecas.cm-arganil.pt/wp-content/uploads/2011/11/AlvesCoelho-light.pdf
Coelho, J. R. A. (1913, April 21). [Letter to Veiga Simões]. Copy in possession of Biblioteca Municipal Miguel Torga - Arganil. Lisboa. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=22188&DDB=
Costa, A. F. da (Ed.). (1914, August 6). Boletim do registo civil. A Comarca de Arganil, p. 3. Retrieved from https://www.acomarcadearganil.cm-arganil.pt/a-comarca-de-arganil-696/
Ferreira, L. (1932, February 2). Maestro Alves Coelho. A Comarca de Arganil, p. 1. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=74279&DDB=
Ferreira, L. (1953, August 27). A propósito da nova casa de espectáculos de Arganil : [entrevista ao sr. Coronel Pereira Coelho]. A Comarca de Arganil, p. 1. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=77117&DDB=
Ferreira, M. A. (2007, October 30). Maestro Alves Coelho: Talvez esquecido como a casa a que deu nome? A Comarca de Arganil, p. 14. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78488&DDB=
Júnior, S. (1917, February 8). Alves Coelho. A Comarca de Arganil, p. 3. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=79395&DDB=
Losa, L. (2010). Coelho, João Rodrigues Alves. In S. Castelo-Branco (Ed.), Enciclopédia da música em Portugal no século XX (1st ed., p. 301). Lisboa: Círculo de Leitores/ Temas e Debates.
Marques, J. M. (2013). Maestro Alves Coelho. Retrieved November 9, 2018, from http://omac2010.wixsite.com/orfeonmacoelho
Neves, J. A. das. (2006, January 19). Autores da Beira-Serra: João Rodrigues Alves Coelho. A Comarca de Arganil, p. 8. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=79916&DDB=
Reis, L. (2007, December 20). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (2). A Comarca de Arganil, p. 3. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78553&DDB=
Reis, L. (2007, December 27). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (3): O povo canta Alves Coelho. A Comarca de Arganil, p. 3. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78553&DDB=
Reis, L. (2008, April 3). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (10). A Comarca de Arganil, p. 8. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78553&DDB=
Reis, L. (2008, January 22). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (5). A Comarca de Arganil, p. 3. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78553&DDB=
Reis, L. (2008, March 11). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (8). A Comarca de Arganil, p. 8.
Reis, L. (2008, April 1). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (9). A Comarca de Arganil, p. 7. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78553&DDB=
Reis, L. (2008, January 31). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (6). A Comarca de Arganil, p. 3. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78553&DDB=
Reis, L. (2008, January 10). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (4). A Comarca de Arganil, p. 3. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78553&DDB=
Reis, L. (2008, March 6). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (7): Inauguração do Teatro Maria Vitória. A Comarca de Arganil, p. 5. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=78553&DDB=
Reis, L. (2007, December 18). Maestro Alves Coelho: Grande personalidade de Arganil (1). A Comarca de Arganil, p. 3.
Arganilense que não morre: Alves Coelho evocado na Emissora Nacional. (1961, January 24). A Comarca de Arganil, p. 1. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=77449&DDB=
Maestro Alves Coelho. (1932, January 1). A Comarca de Arganil, p. 2. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=74271&DDB=
Falecimentos: Vítima de uma congestão cerebral, faleceu inesperadamente em Lisboa o popular maestro e nosso ilustre conterrâneo sr. Alves Coelho. (1931, October 27). A Comarca de Arganil, p. 2. Retrieved from http://catalogorbca.cm-arganil.pt/Pacwebv3/SearchResultDetail.aspx?mfn=74259&DDB=