Avelino de Sousa

About
Avelino Ferreira de Sousa, conhecido como Avelino de Sousa, nasceu a 6 de abril de 1880 em Lisboa – Portugal e faleceu a 18 de junho de 1946 na mesma cidade. Foi fadista, letrista, dramaturgo, ensaísta, investigador, colaborador de vários periódicos ligados às artes e ao movimento operário, diretor literário do jornal Album teatral, compositor tipógrafo e conservador no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa – Portugal.
É considerado o introdutor do fado alexandrino (com versos de doze sílabas) e do fado triplicado (caracterizado pela “junção de dois hemistíquios de três sílabas no primeiro e terceiro versos da quadra, que precisam rimar entre si e com o heptassílabo que os precede” (Bunić, 2017)). A estrutura das letras que concebeu ajusta-se à interpretação sobre fados estróficos e fados com refrão, estes últimos característicos do teatro de revista e da opereta. São de destacar o Fado perseguição, os fados História do fado e Amizade.
Notabilizou-se, ainda, como escritor e ensaísta dedicado à defesa do fado, tendo, em 1912, publicado a compilação de artigos O fado e os seus censores. Nesta, contesta a conotação do fado aos meios marginais, apresentando-o como “o veículo natural e privilegiado da luta social das classes oprimidas” (Â. M. R. Sousa, 2008, p.10). Esta obra constituiu, desde logo, uma referência para o estudo do fado daquele período.
Começou a cantar fado aos 16 anos, em 1896, em cegadas - espetáculos de rua que, nesta época, eram cantados em fado corrido (fado cantado e dançado) em modo maior, cujo objetivo era a crítica social, executada em verso e dramatizada por estereótipos sociais -, festas, convívios e retiros. Enquanto fadista, interpretava exclusivamente poemas de sua autoria cuja temática variava essencialmente entre o social e o sentimental. Nestes contextos, apresentou-se com fadistas e letristas também ligados ao movimento anarcossindicalista, cujas letras apresentavam cariz político e social. De entre estes, destacam-se João Black, Carlos Harrington e Guilherme Coração.
No jornal/ revista A Canção de Portugal: O fado: publicação semanal literária e ilustrada - Ano 1, n. 17 (23 Jul. 1916), Avelino de Sousa é descrito por Augusto de C. Sousa como “nascido do povo, lançado no imenso turbilhão da vida, com uma leve bagagem de medíocres conhecimentos” e como representante de “uma vontade de ferro, uma vontade indomável, perseverante, - a vontade inquebrantável dos grandes homens”, que “aliada ao seu talentoso engenho, produziram esse grande esforço que é toda a sua obra, e fizeram-no o poeta do povo mais estremecido e admirado.” (1916)
Ao longo da sua vida prefaciou diversas obras literárias e foi autor de outras tantas, de entre as quais: Album teatral - biografias em prosa e verso de diversos intervenientes do meio fadístico em 2 volumes, publicado em 1916 -, Bairro Alto (1944), Nostalgia (1988). Foi igualmente autor de operetas (como História do fado, nos anos 40) e de teatro de revista (tais como Perdeu a fala…, Revista do fado). Colaborou com as revistas/ jornais: A voz do operário, Jornal dos teatros e Álbum teatral, A canção de Portugal, Guitarra de Portugal.
Fez parte da chamada "Idade de Ouro dos Letristas", juntamente com Linhares de Barbosa, Henrique Rego, Frederico de Brito, Carlos Conde, Francisco Radamanto, Amadeu do Vale, José Galhardo, Silva Tavares, de entre outros (Bragança, 2015).
 
Ref. bib.
Bragança, J. M. L. de. (2015). Quando o fado é confissão: "E na minha confissão/vão as rimas do meu fado". Universidade de Lisboa, Portugal.
Brito, J. P. de. (1983). O fado: Um canto na cidade. Ethnologia, (1), 149–184.
Bunic, B. (2017). O fado: Um fenómeno da cultura portuguesa. University of Zagreb, Croatia. Retrieved from http://darhiv.ffzg.unizg.hr/id/eprint/9601/1/170905-DIPLOMSKI RAD-BARBARA BUNIC-O FADO-UM FENOMENO DA CULTURA PORTUGUESA.pdf
Machado, A. V. (Alberto V. (1937). Ídolos do fado: Biografias - comentários - antologia (1st ed.). Lisboa: Tipografia Gonçalves. Retrieved from http://purl.pt/28992/3/#/0
Mangorrinha, J. (2014, November 27). A canção de Portugal: o fado: publicação semanal literária e ilustrada. Lisboa: Hemeroteca Digital. Retrieved from http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/FichasHistoricas/ACancaodePortugal.pdf
Queiroz, A., Alves, D., Fialho, I., Costa, M. L., & Alves, O. (2014). Paisagens literárias e percursos do fado. (A. Queiroz, Ed.) (1st ed.). Lisboa: FCSH/NOVA - Editora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
Rebello, L. F. (2004). Jornais e revistas de teatro em Portugal (2). Sinais de Cena, (2). Retrieved from https://revistas.rcaap.pt/sdc/article/view/12367/9480
Silva, J. (2010). Sousa, Avelino Ferreira de. In S. Castelo-Branco (Coo.), Enciclopédia da música em Portugal no século XX (pp. 1232–1233). Lisboa: Círculo de Leitores/ Temas e Debates.
Sousa, Â. M. R. (2008). Fado como expressão musical e não fatum. Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Portugal.
Sousa, A. de C. (1916, July 23). Avelino de Souza. (J. Gonçalves, Ed.), A Canção de Portugal. Retrieved from http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/ACancaodePortugal/1916/N017/N017_master/ACancaodePortugalN017.PDF
As Cegadas. (n.d.). Retrieved from http://www.jose-lucio.com/Pagina2Fado/Cegadas.ht