Félix Bermudes

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Félix Redondo Adães Bermudes, conhecido como Félix Bermudes, nasceu a 4 de julho de 1874 na Rua de Santo Ildefonso, nº 71, 1º - Porto – Portugal e faleceu a 5 de janeiro de 1960 em Lisboa – Portugal.
Foi dramaturgo, dirigente desportivo e associativo, escritor, atleta e teósofo.
No teatro, foi autor de peças em diversos géneros teatrais. Fez parte do aclamado grupo de autores A Parceria (de Lisboa), que produziu amplamente peças de teatro popular português - nomeadamente teatro de revista -, entre 1912 e 1926. Em entrevista concedida a Igrejas Caeiro no programa Perfil de um artista, transmitido a 17 de junho de 1958 pelo Rádio Clube Português, Félix Bermudes referiu, acerca da constituição d’A Parceria, que "a minha equipa nasceu de pequenina (…). O Ernesto Rodrigues e eu fomos condiscípulos desde a aula infantil e ele tinha uma grandiência [sic] de trabalhar para o teatro e desafiava-me e eu cobardemente o dissuadia: 'Nós temos lá capacidade para trabalhar para o teatro...'. Mas ele não se convenceu e trabalhou, trabalhou sozinho. Depois eu fui um pouco contagiado pelo exemplo; comecei a ajudá-lo e senti que realmente podíamos fazer alguma coisa como de facto fizemos e que têm a história do meu ingresso no teatro. (...) [João Bastos associou-se] depois de ter o seu nome feito. (...) Não veio buscar nada à nossa parceria, veio trazer; veio trazer a glória do seu nome e a capacidade do seu talento." Com este agrupamento, que constituiu com Ernesto Rodrigues e ao qual se juntou posteriormente João Bastos, Félix Bermudes escreveu O sonho dourado (1912), De capote e lenço (1913), Paz e união (1914), O diabo a quatro (1915), O novo mundo (1916), O conde barão (1918), João Ratão (1920), Lua nova (1922), O pão de ló e O leão da Estrela (ambas de 1925), entre outras obras teatrais. Em 1918, assistiu-se ao início de uma colaboração regular entre A Parceria e a Companhia Satanella-Amarante.
Em 1925, Félix Bermudes cooperou também com o agrupamento de escritores teatrais Gregos e Troianos, composto por Ernesto Rodrigues, João Bastos, L. Aquino, Alberto Barbosa e Xavier de Magalhães. Colaborou ainda, até meados da década de 1940, com outros autores da esfera teatral, dos quais são exemplo André Brun, Alberto Barbosa, Lino Ferreira, Pereira Coelho e outros.
Da variedade de atividades que pautaram a sua vida, destaca-se a sua função como secretário geral da Sociedade de Teosofia em Portugal, a colaboração com o periódico Ecco Artístico (1911 - ?) e com a revista O palco ( em 1912). Foi também co-fundador e vogal-secretário do conselho de administração da Editora Cinematográfica – fundada em 1934 -, e membro fundador da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses (SECTP) em 1925, da qual ocupou o cargo de presidente entre 1928 e 1960. Durante duas décadas exerceu a função de vice-presidente da Federação Internacional de Homens de Letras.
Ao longo da sua vida publicou vários livros, reflexo das suas crenças e do gosto pela literatura. São exemplos: Cinza e nada (1923), Aos meus irmãos comunistas (1949), À mulher portuguesa: Obras poéticas e O homem condenado a ser Deus (ambos de 1952), Buda instruindo os discípulos: Estudo da filosofia do senhor da compaixão (1959) e Sem armas no meio das feras (publicado em 1962, a título póstumo).
No âmbito do desporto, destacou-se a sua mítica ligação ao Sport Lisboa e Benfica. Praticou várias modalidades desportivas pelo Sport Lisboa e Benfica, como futebol e tiro, chegando a participar nos Jogos Olímpicos de 1924. O Diário de notícias, de 23 de novembro de 1907, apontou-o àquela data como capitão da equipa de futebol daquele clube desportivo.  A 15 de julho de 1916 foi eleito presidente da direção do clube, tendo assumido a posição a 22 do mesmo mês.  Durante o seu mandato, o Sport Lisboa e Benfica conquistou o Campeonato de Lisboa 1916/17 na modalidade de futebol. Em 1929 escreveu a letra do hino oficial do Sport Lisboa e Benfica, Avante, avante p’lo Benfica, para o qual Alves Coelho compôs a música. Este viria posteriormente a ser censurado pelo Estado Novo, devido à utilização da palavra “avante”, conotada com o movimento comunista português. Em 1945 foi reeleito presidente do Sport Lisboa e Benfica.
Filho de Félix Redondo Adães e de Cesina Romana Bermudes, de origem galega, é também irmão de Arnaldo Redondo Adães Bermudes, renomado arquiteto português que colaborou no Monumento ao Marquês de Pombal em 1914 e em tantas outras edificações da primeira metade do séc. XX em Portugal. Félix Bermudes refere, na entrevista de 1958 a Igrejas Caeiro, que ficou órfão aos três anos de idade. Na mesma entrevista, Félix Bermudes afirmou a frequência do Curso Superior de Comércio, embora não refira um ano em específico.
Félix Bermudes é pai de Cesina Bermudes (1908-2001), médica precursora do parto sem dor em Portugal, de Fernando Bermudes (autor) e Clara Borges Adães Bermudes.


 

 

 

 

 

Ref. bib.
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