Fernando Calhau

About
Fernando Calhau nasceu em Lisboa em 1948, vindo a falecer nessa mesma cidade em 2002. Licenciou-se em Pintura no ano de 1973, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Estudou também na Slade School of Fine Art, Londres, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, onde aprofundou conhecimentos sobre gravura, com Bartolomeu Cid dos Santos. Começou a expor em 1967, nos Salões Coletivos da Sociedade Nacional de Belas Artes, realizando a sua primeira exposição individual em 1968, na Cooperativa Gravura, Lisboa.
“As suas pinturas eram meticulosamente executadas. Tornaram-se muito conhecidos os seus estudos sobre variações de valores verdes. Verde intenso, artificial, de forte presença. A sua pintura integra-se na melhor linhagem das meditações de op art, originada pelo germano-americano Joseph Albers. Tal como este artista, Calhau atribuía uma grande importância à relação entre pigmento e suporte. A subtilíssima diluição das linhas no campo cromático ajuda o observador a mergulhar o olhar nesse campo. A necessidade do monocromatismo básico advém da busca simultânea da ativação da perceção intelectual e do sensorialismo visual, não devendo nestes quadros haver sacrifício de intelecto nem do sensorial, mas uma conjugação no próprio ato contemplativo.
Também as variações de brilho e de textura são consideradas por Calhau.
Estas investigações tornam-se mais evidentes na utilização das tintas pretas. Também os formatos foram considerados, numa problemática, de raiz duchampiana, sobre o que é ou não é arte, procurando instigar a reflexão do espectador, apresentando exemplos de fronteira. Esta atitude, que o fez passar de Albers para Reinhardt, levou-o a atuar como artista conceptual, com fotografias que simulam a criação e estruturas elementares, em geral o quadrado e o retângulo, em plena natureza. No mesmo sentido, divulgou serigrafias onde se representam molduras envolvendo o vazio, numa atitude ambivalente, niilista e imediatista, no direito ao silêncio em época de excesso de ruído.”

“Calhau segue uma via de provocação: desde a da moldura que emoldura… nada até uma rigorosa investigação da indiferença fotográfica” (Ernesto Sousa)
Ref. bib.
100 pintores portugueses do Século XX | Rui Mário Gonçalves | Edição 1986 | Publicações Alfa | https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Calhau