Pedro Chorão

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Pedro Ramalho Chorão nasceu em Coimbra em 1945. É filho do arquiteto Raul Chorão Ramalho. Estudou biologia na North East Liverpool Technical College, em Liverpool entre 1963 e 1967. Começou a interessar-se pela pintura quando tinha já mais de 20 anos de idade.
Entre 1968 e 1972 fez o serviço militar, passando dois anos em Cabo Verde. A sua paixão pela pintura intensificou-se após o regresso a Lisboa, procurando colher lições de pintores amigos do pai, nomeadamente Luís Dourdil e António Dacosta.
Expôs individualmente pela primeira vez em 1975. Licenciou-se na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1976. Partiu para Paris nesse mesmo ano, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo regressado a Portugal em 1977.
Herdeira de uma multiplicidade de referências, a sua pintura localiza-se na fronteira entre abstração e figuração. "À data da sua primeira exposição individual, com trinta anos, o artista tinha já um discurso plástico bem estruturado numa apologia de elementaridades expressivas, desenvolvida com grande coerência […]: a preferência por materiais pobres, pela austeridade dos gestos de registo e mesmo pela escolha dos elementos visuais capazes de dar visibilidade ao núcleo central da sua poética – a evocação abstrata do espaço através das geometrias dos planos da pintura, das profundidades das manchas de cor e das atmosferas da luz. Um olhar retrospetivo revela-nos uma estrutura longamente sedimentada".[1]
A sensibilidade é, portanto, a característica que constantemente se reconhece neste pintor, quer se lhe considerem as obras figurativas, quer as abstratas. Os quadros de Pedro Chorão manifestam sempre a consideração do suporte, no seu formato e textura. As cores são aplicadas como superfícies que avançam e recuam, opacas ou transparentes, controladas no enquadramento ou livres, contornadas ou indefinidas, suavemente moduladas. Signos e figuras abstratas elementares, como as letras e algarismos, emergem de fundos com a mesma cor, apenas mais ou menos escuros. Esta relação figura-fundo, ou avanço-recuo, é uma constante do pintor, que evita os contrastes tímbricos.
[1] Henriques, Paulo – introdução ao catálogo da exposição retrospetiva As Formas do Gesto, Casa da Cerca, Almada, 2002.