Júlio Dantas

About
Júlio Dantas nasceu a 19 de maio de 1876 em Lagos, Algarve - Portugal e morreu a 25 de maio de 1962 em Lisboa - Portugal. Foi escritor, dramaturgo, médico, diplomata e político.
Em 1902, foi nomeado oficial-médico do Exército e, em 1909, com obra já publicada, assumiu as funções de professor e diretor da seção dramática do Conservatório. Eleito deputado pelo círculo de Coimbra em 1905, será senador pelas Belas-Artes em 1918 e por Leiria em 1921 e 1926. Ministro da Instrução Pública duas vezes em 1920, ocupa a dos Negócios Estrangeiros em 1921 e 1923. Presidente do Diretório do Partido Nacionalista, foi o seu líder no Senado. (…) Presidente da Academia das Ciências de Lisboa até 1959, ano em que passou a ser Presidente honorário.
Desde cedo demonstrou aptidão artística para a pintura e desenho, no entanto, e apesar de ser médico, a sua paixão foi sempre a escrita, apresentando-se como polígrafo, com incursões pela poesia, romance, drama, história, ensaio e jornalismo. A sua escrita era caracterizada pelo culto do pormenor, o gosto pelo decorativo, a idolatria do elemento feminino como motivo inspirador e romantismo. Foi das figuras mais mediáticas da sua época e sempre reconhecido em todas as suas facetas profissionais.
Filho de Casimiro Augusto Vanez Dantas (oficial do exército, poeta, jornalista, orador e tradutor de romances célebres) e de D. Maria Augusta Pereira d'Eça (de família de escritores), Júlio Dantas iniciou os seus estudos em 1884, na Escola Nacional de Barros Proença, Lisboa. “As primeiras manifestações artísticas não se produziram nos domínios da literatura…”. “Criança ainda, já desenhava e pintava a aguarela e óleo” quando “… teve uma febre tifoide. Uma febre tifoide no organismo de um adolescente equivale, por vezes, a uma tempestade física e psicológica. Quando a tempestade passou, as suas inclinações artísticas tinham mudado: o pintor tornara-se escritor.” (Guimarães, 1963).
Ingressou, em 1886, no Colégio Militar, frequentou a Escola Politécnica e a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, alcançando o bacharelato em Medicina no ano de 1899 e a licenciatura no ano seguinte.  
A sua vida literária teve início em 1892. Motivado pelo seu pai, Fernando Caldeira e Henrique Lopes Mendonça, publicou os seus versos pela primeira vez no Diário Ilustrado, sob o título Versos dos 15 anos, em 1892. No jornal Novidades publicou o primeiro livro de versos Nada (1896), seguindo-se Auto da Rainha e Doentes (1897), O Azougue e a tradução do livro O Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand (1898).
Finalizado o curso de medicina em 1899 e a licenciatura no ano seguinte, foi também médico ao serviço exclusivo do Exército. Ainda no mesmo ano, a sua escrita estendeu-se ao teatro, para o qual escreveu tragédias, dramas, comédias, sainetes, óperas, operetas e revistas com grande afluência até 1949. As primeiras peças em estreia foram O que morreu de amor (1899), Viriato Trágico (1900), A Severa (1901) e Os Crucificados (1902).
Como político, Júlio Dantas foi nomeado Deputado da Nação pelo Círculo de Coimbra, em 1905. Em 1912 assumiu o cargo de Inspetor Geral das Bibliotecas Eruditas e Arquivos - no qual permaneceu até 1946 - e em 1917 foi nomeado como novo representante das Belas Artes. Na década de 20 foi Ministro da Instrução Pública (1920), Ministro dos Negócios Estrangeiros (1921-1923) e Delegado Diplomático em Londres. Foi também Presidente da Comissão Nacional dos Centenários (1940), Delegado de Portugal à Conferência diplomática de Bruxelas (1948), Presidente da 1ª e 2ª conferência da Comissão Permanente da União de Berne (1949-1950) e Presidente da Delegação de Portugal na Conferência Intergovernamental de Genebra (1952).
No ensino destacou-se como defensor das artes. Começou a carreira docente em 1909, no Conservatório Nacional de Lisboa, como Professor de História das Literaturas, cargo que manteve até 1930. Após tornar-se sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa (1913), Júlio Dantas propôs ao Governo a criação de um curso de pintura cénica e outro de indumentária teatral (1914). Sugeriu cursos noturnos e práticos na Escola de Arte e Representação. Também no discurso oral se destacou em vários assuntos, desde 1910 até 1950: A Síndrome Glosso-Labiada do Rei D. José (1910), Elogio Histórico de Bulhão Pato (1913), A fratura do fémur de Afonso Henriques (1923), A unidade da Língua Portuguesa (1929), Gil Vicente e a reforma (1938), Discurso no Acto Solene da entrega das palmas de ouro da Academia das Ciências ao Embaixador Araújo Jorge (1941), Teófilo Braga (1943), Centenário de Eça de Queiroz e A Medicina e a Arte (1947), entre outros. 
A sua atividade e reconhecimento social foram louvados em várias ocasiões. A primeira distinção deu-se aos 10 anos de idade no exame de instrução primária elementar. As distinções que recebeu do Exército (entre 1907-1911) encontram-se relacionadas com a reorganização do material sanitário, o estudo das alterações nos uniformes dos Sargentos, a melhoria das condições de vida dos Sargentos e Praças e a elaboração de uma cartilha higiénica militar. Em 1950, recebeu a medalha de ouro pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros e em 1952 foi homenageado na sua terra natal com uma exposição bibliográfica e iconográfica da sua obra. Em 1959 foi nomeado Presidente de Honra da Academia das Ciências de Lisboa e em 1960 foi descerrado um busto em sua homenagem na Academia das Ciências de Lisboa. Pouco antes da sua morte, foi nomeado Presidente de Honra da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses.
“No período da sua maior actividade, Júlio Dantas multiplicava-se.” (Guimarães, 1963) mas a partir de 1959 começou a renunciar a alguns cargos por motivos de saúde.
 
Ref. bib.
Catálogo da exposição bibliográfica e iconográfica de Júlio Dantas. (1952). Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa.
Fundação Mário Soares. (n.d.). Júlio Dantas (1876-1962). Retrieved from http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/biografias?registo=Júlio Dantas
Rebello, L. F. (1985). História do teatro de revista. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
Guimarães, L. de O. (1963). Júlio Dantas: Uma vida, uma obra, uma época. Lisboa: Romano Torres.
Jornal I. (2017). Júlio Dantas, o Dantas e os dantinhas. Retrieved from https://ionline.sapo.pt/565811
Pereira, E., & Rodrigues, G. (2002). Dantas (Júlio). In M. Amaral (Ed.), Portugal: Dicionário histórico, corográfico, heráldico, biográfico, bibliográfico, numismático e artístico (p. 15). Retrieved from http://www.arqnet.pt/dicionario/dantasjulio.html
Portugal, R.-R. e T. de. (2015). Ensaísta defende que Júlio Dantas contribuiu para firmar a memória de Severa. Retrieved from https://www.rtp.pt/noticias/cultura/ensaista-defende-que-julio-dantas-contribuiu-para-firmar-a-memoria-de-severa_n866690