José de Guimarães

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De seu nome completo José Maria Fernandes Marques, adotou o pseudónimo artístico de José de Guimarães, como homenagem à terra que o viu nascer a 25 de Novembro de 1939.
Realizou os seus estudos elementares na cidade de Guimarães, tendo completado o ensino secundário na cidade de Braga.
Em 1957, ingressou na Academia Militar, arma de Engenharia, tendo complementado os seus estudos universitários na cidade de Lisboa. Nos últimos anos da década de 50, obtém bases técnicas, que se juntam ao seu talento natural, através de lições de pintura com Teresa de Sousa, de desenho com Gil Teixeira Lopes e ainda de gravura na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses. A criação do seu próprio código imagético é auxiliada por viagens pelos principais centros estetas da Europa. Assim, em 1961 visita Paris, onde contacta com a pintura fauvista e adota o seu nome artístico. Maravilha-se com os clássicos italianos, como Miguel Ângelo, voltando a Paris em 1964 e 1966, onde visita a exposição de homenagem a Picasso e a de gravura de Cármen de Garcia. Entretanto em 1965 termina a licenciatura em Engenharia, ano em que também se casa com Judith Castel-Branco e parte para Munique, onde contata com a pintura de Klee, bem como Kandinsky, os pintores da Bauhaus, Die Brücke e, principalmente, com o pintor flamengo, seiscentista, Rubens.
Excetuando curtas visitas à metrópole, entre 1967 e 1974, permanece em Angola, numa comissão de serviço militar, onde é influenciado pela cultura e etnografia africanas. Em 1967 inscreve-se no curso de Arquitectura da E.S.B.A.L. Participa em diversas manifestações culturais polémicas e em 1968, publica o manifesto «Arte Perturbadora!». Durante esse ano, interessa-se cada vez mais pelas artes plásticas, o que o faz participar em várias exposições de arte moderna, obtendo o primeiro Prémio de gravura no “Salão de Arte Moderna da Cidade de Luanda”, na “Universidade de Luanda” e ainda no “Salão de Arte Moderna da Cidade de Luanda”.
Torna-se um estudioso da etnografia africana, sintetizando esta com a cultura europeia, o que o conduz à criação de um «alfabeto» autónomo, codificado, para o qual em muito contribui o «vocabulário misterioso, necessariamente codificado» do homem africano.
Após o seu regresso definitivo a Portugal vai dedicar cada vez mais o seu tempo às artes plásticas, até que esta se torna a sua atividade exclusiva. Participa mais ativamente em exposições e em 1976 obtém uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian para investigação nas áreas de serigrafia e fotografia. No mesmo ano, pela primeira vez utiliza papel da sua própria fabricação.
Além das exposições realizadas em território nacional, expõe na Bélgica, por diversas vezes, nomeadamente nas cidades de Gand, Antuérpia, Kumrne, Malines, Child, Saint-Martine e Ostende. Surgem frequentes referências à sua obra na Europa, nos Estados Unidos da América e Canadá, assim como em numerosos artigos e jornais de arte.
Em 1978, a Fundação Calouste Gulbenkian lança uma exposição dedicada ao tema «Rubens e José de Guimarães» na qual participa. No ano 1979, em Antuérpia, é editado um livro sobre a sua obra, com textos de Marcel van Jole, José Augusto-França, Remi de Cnodder, Fernando Pernes, entre outros. Em 1980, ganha pela 2ª vez a medalha de bronze do «Prix Europe de Peinture de la Ville de Ostende».
A década de 80 é passada entre Portugal e a Europa, em diversas exposições sobre o seu trabalho, e tanto o Estado Francês, como o Estado Belga adquirem-lhe diversas obras.
Em 1983 utiliza, pioneiramente, nas suas esculturas de papel, materiais como o vidro moído, espelhos ou azulejos, imprimindo ao trabalho um aspeto brilhante e singular.
De Milão, passando por Paris, Madrid, Antuérpia e Portugal, o pintor José de Guimarães não tem mãos a medir. O seu trabalho é reconhecido internacionalmente e não só participa em exposições como vê serem editados livros sobre a sua obra, escritos por famosos críticos de Arte como Salette Tavares, Álvaro de Magalhães, Cesário Rodrigues Aquilera, Fernando de Azevedo, José Augusto-França, Fernando Pernes, entre outros.
No Japão, em 1989, é convidado por Paul Enbel, director do Goethe Institut de Osaka, a construir e pintar papagaios de papel. Durante algum tempo, José de Guimarães trabalha segundo técnicas japonesas e cria a figura de D.Sebastião. Expõe individualmente em Tóquio, Chicago, Basileia, Los Angeles, Estocolmo e Salzburgo e participa em exposições colectivas na Dinamarca, Hiroshima e de novo em Tóquio.
Em 1990 é-lhe concedido pelo então Presidente da República Portuguesa, Mário Soares, o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique e vê várias das suas peças serem adquiridas por importantes instituições ou reproduzidas em cartazes, credifones e t-shirts.
A partir de 1995 a sua vida reparte-se entre Lisboa e Paris.

"senti-me esgotado, vazio. Decidi viajar e, depois de voltar ao Japão, partir para o México. Foi, para mim, uma revelação. Perante a arte mexicana descobri uma identidade de temas e uma identidade formal com os meus 25 anos de criações e vi-me confrontado com a significação profunda do conjunto da minha obra, cujo sentido me parece agora totalmente justificado no meu actual trabalho"
Ref. bib.
http://www.citi.pt/cultura/artes_plasticas/pintura/guimaraes/biografi.html | http://cvc.instituto-camoes.pt/biografias/jose-guimaraes.html#.Vf_XOd9VhHw