António Areal

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Artista multifacetado, António Santiago Gonçalves Areal e Silva, filho do arquiteto Joaquim Santiago Areal e Silva, nasceu a 8 de junho 1934, no Porto, tendo falecido em 1978, em Lisboa. A sua formação foi em grande parte autodidata.
Muda-se definitivamente para Lisboa com a família em 1951. Devido aos problemas de saúde nunca termina os estudos secundários nem realiza qualquer preparação específica especializada. Os seus interesses literários são essencialmente poéticos e filosóficos.
Em 1952 afirma dedicar-se em exclusivo á criação plástica mas só depois de 1954 participa nas primeiras coletivas. A produção artística de António Areal percorreu diversos movimentos artísticos, do abstracionismo à nova figuração, passando pela “Arte Op” e pela “Arte Pop”. Utiliza técnicas diversas (tinta da china, pintura a óleo ou esmalte e objetos de madeira pintados), explorando temáticas como a tridimensionalidade, o cinetismo, a citação de alguns episódios da história da arte e a relação da arte com as artes gráficas e a banda desenhada.
Podem distinguir-se três fases na obra de Areal, delimitada entre 1953 e 1978.
A primeira, compreendida entre 1953 e 1958, foi coroada por umas séries de desenhos de sentido visionário, de influência surrealista. Formas arquetípicas, como o disco e a caixa, sucedem-se nas peças desta fase, como testemunhos de um imaginário de autor que permanecerão em quase toda a sua obra. Destaca-se, como exemplo, a Homenagem a Fernão Mendes Pinto e Praça do Comércio, de 1955.
A excelência da sua técnica como desenhador é-lhe reconhecida, logo em 1957, ao ser-lhe atribuído o «Prémio de desenho» durante a I Exposição de Artes plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian pela sua obra «Homenagem a Fernão Mendes Pinto», bem como uma bolsa para estudar em Paris. Na década de 60, iniciando ua nova fase, realiza pinturas que apontam para o informalismo, recorrendo a uma técnica de execução rápida e sem retoques.
Entre 1960-61 viveu em S. Paulo, Brasil, onde apresentou em pleno a liberdade do gesto e da matéria, imagens inteiramente abstratas de grande energia e vigor, apresentando-se como estilhaços de cor e jogos de luz.
No desenho a densidade da pintura é substituída por um jogo de negros e sépias com fundos brancos. Finalmente, a partir de 64, transita para uma última fase aproximando-se do conceptualismo, cruzando a pintura neofigurativa com a produção de objetos, aos quais associa frases que enunciam uma atitude de reflexão e de crítica de arte. A obra significativa desse momento é a “História dramática de um ovo”, de 1967.
António Areal acompanhou a sua atividade artística com uma constante teorização sobre o seu trabalho e o estado da Arte portuguesa, do qual é exemplo o ensaio de Textos de Intervenção na Vanguarda das Artes Visuais. Em 1971 inicia uma das mais importantes séries da sua pintura: “O Colecionador” a que se seguiram a “Série dos Cavaleiros e dos Pianistas” marcando a sua clara opção pelo figurativo. Depois disto a sua atividade artística diminui consideravelmente participando apenas em esporádicas coletivas.
Morre em Julho de 1978 em Lisboa.