Irene Ribeiro

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Maria Irene Ribeiro nasceu em 1949, em Gemeses, numa pequena aldeia rural do concelho de Esposende, no norte litoral português. Este ambiente bucólico da sua infância e o contacto com a natureza, influenciaram para sempre a sua forma de fazer arte, na qual a natureza é um tema recorrente, tratado de uma forma intimista e com afetividade.
Com apenas 10 anos foi para o Brasil onde passou a sua infância e juventude. Durante o percurso escolar, começou a evidenciar a sua apetência para as artes, constatado também pela sua professora primária denotando uma natural vocação, sendo aconselhada a prosseguir os estudos neste campo e todo o seu caminho posterior é orientado nesse sentido. As artes sempre estiveram presentes até ao seu ingresso na Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado, em São Paulo onde se Licenciou em Desenho e Plástica (1970/73). É durante este período de permanência na faculdade que descobre a gravura, seduzida pelos processos e metodologias de trabalho e pelas inúmeras possibilidades na exploração plástica que a gravura oferece.
Em 1977 regressa a Portugal, traz do Brasil a formação e o conhecimento mas o sentimento é português; considera-se “uma pessoa híbrida”, com influências dos dois lados. Num primeiro contacto com o pintor Fernando de Azevedo, este fica seduzido pelas obras de Irene Ribeiro que “deixaram adivinhar todo um percurso que cada vez mais se vem afirmando no panorama da gravura portuguesa contemporânea”. Dada a qualidade do seu trabalho, facilmente obtém uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian em 1979/80 e realiza um estágio na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses. Irene Ribeiro dá continuidade aos seus projetos, ao mesmo tempo que investiga sobre a “gravura popular”. O reconhecimento pelo trabalho leva a Cooperativa a convidá-la a dar formação. Irene Ribeiro permanece na Cooperativa de Gravadores como formadora até 1984, saindo para formar um grupo com artistas dissidentes e que deu origem ao Atelier 15, também ligado à gravura. A dinâmica incutida abre novos caminhos e, em 1985 é criada a Associação de Gravura da Amadora — AGA, com sede na Amadora, do qual fazem parte elementos do anterior grupo Atelier 15.
 
Na obra gráfica de Irene Ribeiro predominam as gravuras em pequeno formato executadas através da combinação da água-forte, da água-tinta, mezzo-tinta e do buril. Assume-se como uma experimentalista mas mantém-se fiel aos métodos tradicionais; considera ainda os métodos contemporâneos, por exemplo o fotopolímero. O seu processo criativo está ligado à forma como sente e observa o lugar, recolhe elementos do local; gosta de colecionar objetos que caracterizam essa identidade, são elementos ligados a um sítio que podem ser recortados e formar diferentes composições. Também recorre à imagem fotográfica em consonância com a gestualidade do desenho. Algumas das gravuras assumem um carácter fotográfico mas não são fotografia, são memórias guardadas à espera de serem descobertas. Ao nível da temática, predominam as paisagens e a poesia. Os elementos naturais assumem especial protagonismo ao serem enquadrados num elemento paisagístico: podem ser paisagens ou janelas entreabertas, onde a figura humana está quase sempre ausente.