Jorge Martins

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Jorge Martins nasceu em Lisboa, no dia 4 de fevereiro de 1940. Faz o ensino secundário no liceu D. João de Castro. Entre 1957 e 1961 frequentou os cursos de arquitetura e de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, as quais não terminou. Em 1958 iniciou a atividade de gravura na Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses – a convite do pintor Júlio Pomar. A partir do mesmo ano (até 1960), partilhou o "atelier" com o pintor José Escada.
Em 1959 apresenta pela primeira vez trabalhos em exposições coletivas e, em 1961, participa na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. As suas primeiras pinturas - como “Ilha ao Sol da Madrugada” (1958, Coleção do Autor) - aproximam-se da abstração, conjugando no mesmo universo de formas planas um desenho rigoroso e uma variação penetrante da cor. No início da década de 60, realiza paisagens abstratas luminosas que se opõem à firmeza quase geométrica da experiência anterior e dissolvem as formas numa sugestão atmosférica.
Em 1961 parte para Paris. O início da guerra da independência de Angola e as fracas perspetivas de uma carreira artística em Portugal levam-no ao exílio durante treze anos até à libertação de Portugal pela revolução de 25 de Abril de 1974.
Fiel, sem grande convicção, à tradição secular, instala-se em Paris (cedo voltará a sua atenção para os rumores vindos de Londres e dos Estados Unidos). Convive com os pintores Júlio Pomar, Manuel Baptista, com o grupo KWY, Arpad Szenes e Vieira da Silva.
A partir de 1964, retoma o recorte rigoroso da primeira fase e realiza composições compartimentadas e povoadas por formas elementares, revelando uma arte do detalhe atravessada pela abstração e por um modelo barroco - patente em 28 Things (1965, Colecção Virginia Lust Gallery, Chicago/Nova Iorque) - que pulveriza a perspetiva linear e envolve a perceção num movimento de relocalização constante.
Em 1967, inicia uma estimulante colaboração com a Galeria Herbert Lust (Chicago).
O final da década de 1960 e início de 70 fica marcado por um impulso na sua carreira: vence vários prémios em Portugal (Menções Honrosas nas exposições Mobil e Soquil); é premiado pela secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte e inicia uma colaboração com três galerias europeias (Galeria 111, Lisboa; Galerie Bellechasse, Paris; Galerie Borjeson, Suécia). Em 1973 visita os Estados Unidos da América e, dois anos mais tarde, adquire um ateliê em Nova Iorque, onde irá trabalhar intensamente, regressando a França em 1976. Realiza uma exposição de desenhos no Centro Pompidou (Musée National d’Art Moderne, Paris) em 1978.
Em 1985 participa na representação portuguesa da XVIII Bienal de S. Paulo e expõe, em conjunto com Jorge Molder, no Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa. Exporá de novo na Fundação Calouste Gulbenkian em 1988 (retrospetiva de desenho), ano que marca o início de uma série de exposições individuais em galerias de Paris e Bruxelas.
Em 1991 fixa residência em Lisboa. Expõe na Galeria Valentim de Carvalho (1991) e realiza uma retrospetiva na Fundação Calouste Gulbenkian (1993). Ao longo dessa década irá expor ainda na Galeria Luís Serpa, Lisboa (1995), na Corcoran Gallery of Art, Washington (1995), ou na Galeria Fernando Santos, Porto (1998). Em 2001 expõe na Culturgest, Lisboa. Passados dois anos, uma exposição itinerante da sua obra percorre as principais cidades brasileiras (Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Galeria da Caixa Económica Federal, Brasília).
2006 é o ano da sua grande retrospetiva no Museu Coleção Berardo, Lisboa, e em 2013 apresenta a dupla exposição A Substância do Tempo na Fundação Carmona e Costa, Lisboa, e no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto (a sua maior retrospetiva de desenho realizada até à data).