Ercília Costa

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Ercília Botelho Farinha Costa, conhecida como Ercília Costa e, popularmente, como "Santa do Fado", "Sereia Peregrina do Fado" e "Toutinegra do Fado", nasceu a 3 de agosto de 1902 na Costa da Caparica, Lisboa – Portugal e faleceu a 16 de novembro de 1985 em Algés, Lisboa - Portugal. Foi fadista, atriz de revista e de cinema e, também, compositora e letrista.
Ercília Costa foi a primeira fadista portuguesa de projeção internacional, a primeira a fazer uma digressão no estrangeiro e atuou como compositora de alguns dos seus êxitos. Destes, destacam-se Fado da mocidade e O filho ceguinho (também conhecido como Menor da Ercília). Foi ainda letrista de vários fados, os quais foram publicados pelas revistas Guitarra de Portugal e A canção do Sul. Enquanto fadista, foi acompanhada por guitarristas como Armandinho e Raul Nery.
O seu estilo interpretativo caracterizava-se por uma abordagem melódica linear, com portamentos no início dos versos, prolongamento de sílabas e mudança de timbre em algumas vogais.
Diz a cultura popular que os cognomes que lhe foram atribuídos adviriam da postura com que interpretava: de mãos postas em gesto de oração.
Filha de pescadores, cresceu num ambiente humilde, onde o fado serviria de contentamento para muitos. Na década de 20, sem experiência prévia, apresenta-se no Conservatório Nacional de Lisboa, respondendo a um anúncio de jornal que visava a angariação de cantores para uma récita no Teatro Nacional São Carlos, Lisboa. Foi selecionada, mas o projeto não se concretizou. No entanto, desta experiência viria a resultar o início da sua carreira enquanto fadista. Tendo-se cruzado com o ator Eugénio Salvador nesta ocasião, anos mais tarde este viria a convidá-la para o Teatro Maria Vitória, Lisboa. Por volta de 1926, frequenta aulas de canto no Conservatório Nacional de Lisboa.
Em 1927, inicia a sua carreira como fadista, começando por cantar (em direto) para a rádio Chiado CT1AA - uma das primeiras rádios portuguesas - e, posteriormente, apresenta-se em dueto com Alberto Reis, no Teatro da Trindade, Lisboa.
A partir de 1929 atua com regularidade nas casas de fados, retiros e salões de chá mais frequentados de Lisboa, a destacar, a Casa de Fados Carioca, o Solar da Alegria e o Ferro de Engomar.
Em 1930, participa na revista Feira da luz e junta-se à Troupe Guitarra de Portugal, com Alfredo Marceneiro, Alberto Costa, João Fernandes e Santos Moreira, com os quais efetua vários concertos pelo país.
Em 1932, parte em digressão pelos Açores e Madeira, acompanhada por João da Mata, Martinho d'Assunção e Armandinho e, participa, no mesmo ano, no filme Amor de mãe.
Mantendo sempre em paralelo a atividade enquanto cantora de fado e atriz de revista, desloca-se em 1936 ao Brasil, onde permanece como "atração" até 1939 na Companhia Vasco Santana e Mirita Casimiro.
Entre 1939 e os primeiros anos da década de 40 apresenta-se regularmente em França, Espanha, Reino Unido, Alemanha e nos Estados Unidos - lugares onde grava para discográficas como a Odeon, Columbia e Brunswick. Várias destas viagens são realizadas com o apoio do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo, inclusive a sua participação na Feira Internacional de New York (1939).
Em 1945 regressa ao Brasil, onde integra a Companhia de Alda Garrido por 15 meses e, quando regressa, substitui Amália Rodrigues na revista Estás na lua!. Em 1947 volta a apresentar-se nos Estado Unidos. Posteriormente, em 1951, participa no filme Madragoa, de Perdigão Queiroga.
Em 1954 abandona a vida artística mas continua a gravar até 1977.
 
Ref. bib.
Diário de Lisboa. (1929, March 16). Diário de Lisboa, p. 16. Retrieved from CasaComum.org
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Silva, H. (2010). Freitas, Frederico Guedes. In S. Castelo-Branco (Dir.), Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX (pp. 524–529). Lisboa: Círculo de Leitores/ Temas e Debates.
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