Dina Teresa

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Dina Teresa Moreira de Oliveira, conhecida como Dina Teresa, nasceu a 24 de novembro de 1902 em Vila Nova de Gaia, Porto - Portugal e morreu na década de 80 em [Poá - São Paulo - Brasil].
Foi atriz de cinema, teatro, cantora de fado e cantigas regionais portuguesas, tendo alcançado fama, sobretudo como intérprete do fonofilme A Severa (1931), de Leitão de Barros. Considerada “a primeira vedeta do cinema sonoro português, tendo alargado a sua atividade aos diferentes meios da altura (cinema, teatro, registo sonoro) (…) não conseguiu levar a sua carreira para além do próprio filme que a celebrizou" (Félix, 2010).
Oriunda de uma família numerosa e de poucos recursos, os seus pais, Agostinho Moreira e Rosa Teresa de Oliveira, decidiram entregá-la a uma senhora inglesa que desejava criar e educar uma criança. A partir dos quatro anos foi educada e preparada para ser professora, no entanto, o seu desejo era conquistar um lugar no teatro. Após a morte da sua protetora, foi apresentada no Teatro d’Águia por uma corista que conheceu numa fonte e a quem mostrou os seus dotes vocais. Conseguiu estrear-se no Porto, como corista nas revistas Tenho dito e O trunfo é paus, à época, com o nome de Dina Moreira.
Nos primeiros anos da década de 20, conseguiu algumas participações em revistas apesar de alcançar pouco destaque e reconhecimento. Um dos papéis que conseguiu nessa época foi na peça Piparote, em substituição da colega Laura Costa. Mais tarde, por incentivo de Esmeralda Ferreira, ingressou na Companhia António Macedo (empresário, diretor artístico) e de Zulmira Miranda (atriz) mas o seu principal objetivo era conseguir um contrato em Lisboa. 
Em 1923, Dina Moreira conseguiu estrear-se na capital, na revista A Setúbal, a convite de Rosa Mateus. Também na ficção, teve a sua estreia em 1928 ao ingressar no elenco de Fátima milagrosa, juntamente com Beatriz Costa. Em 1930 foi selecionada por Leitão de Barros, de entre 400 candidatas, para protagonista do primeiro fonofilme de realização portuguesa, A Severa (1931) – baseado no afamado romance, e depois peça, de Júlio Dantas e opereta homónima de André Brun - , em concurso organizado pelo Diário de Lisboa e Sociedade Universal de Superfilmes. Pretendia-se “uma voz harmoniosa”, “embora não grande”, “ouvido musical”, “tipo português” para um filme “de sugestão tradicional” (regulamento do concurso in Cinemateca 1983). O realizador, José Leitão de Barros fez dela a nova Severa, que ficou eternizada em Portugal, Brasil, África e comunidades portuguesas nos EUA. Com este papel, Dina Moreira atingiu o auge do seu sucesso e adotou o nome artístico de Dina Teresa. Os projetos seguintes em que participou (Ai-ló, Mexilhão, Areias de Portugal, Senhora da saúde, De capa e batina, O timpanas, entre outros), ainda durante os primeiros anos da década de 30, não lhe trouxeram igual reconhecimento embora as características das personagens fossem muito semelhantes às de Severa.
Em 1933, a atriz deslocou-se ao Brasil para promover o filme que a tornou célebre. Na sequência, foi contratada por Francisco Serrador, empresário de São Paulo, para trabalhar no Brasil, tendo lá permanecido por 3 meses, em colaboração com José de Oliveira Cosme, guitarra. Durante a sua permanência nesse país foi, em todas as situações bem-recebida e aplaudida. Foi homenageada pelo Clube Português de São Paulo, pela Fábrica de Cigarros Sudan (ao criarem cigarros da marca Severa) e pela Associação nacional de Excursões e Turismo do Brasil. No entanto a  homenagem que perdura até aos dias de hoje é  da Confeitaria Cavé, cujo proprietário decidiu homenagear a atriz com a criação do gelado Dina Teresa. O seu fascínio pelo Brasil fez com que a sua vida profissional ficasse dividida entre os dois países de língua portuguesa. No regresso a Portugal, não conseguiu qualquer contrato, o que levou a que não conseguisse criar uma carreira propriamente dissociada da personagem Severa. Em 1939, participou, ainda que com pouco destaque, no filme O trevo de quatro folhas, de Barros Leitão.                                                         
No início da década de 40, o volume de trabalho para esta artista foi diminuindo em Portugal. Após um casamento falhado e uma temporada a morar em África, Dina Teresa regressou a Portugal para participar em Toma lá cerejas, Pé descalço, Toma lá pinhões, A canção nacional, O fado da Mouraria, Tomate saloio, Os magalas e Maldito fado mas não com a mesma notoriedade dos anos 30.
Ao longo do tempo, o nome de Dina Teresa foi perdendo relevo nos meandros artísticos nacionais e, por isso, em 1951, decidiu fixar residência no Brasil, na cidade de Poá (São Paulo). Lá, integrou o elenco da revista Pau de arara a convite do empresário Ferreira da Silva, para além de contar com participações na Rádio Vera Cruz e na TV Rio (1966). No entanto, também no Brasil o seu sucesso não perdurou… comprou terras na zona rural da cidade de Poá. Construiu o “Sítio do Rosário” e o habitou até ao seu falecimento. Vivia cercada de lembranças da sua vida artística…” (“Enciclopédia fadista luso-brasileira,” 2017)
Nos últimos anos de vida da atriz, Reinaldo Varela e José Manuel Coelho dedicaram-lhe o programa Chorai fadistas, chorai, programa da RTP-Brasil (entre 1981-1982). No ano do seu falecimento [1984?], a título de homenagem, o concelho onde nasceu atribuiu a uma rua o nome Praceta Dina Teresa.
 
Ref. bib.
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