Frederico de Freitas

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Frederico Guedes de Freitas, conhecido por Frederico de Freitas nasceu a 15 de novembro de 1902 em Lisboa – Portugal e faleceu a 12 de janeiro de 1980 na mesma cidade.
Foi compositor, maestro, pedagogo, musicólogo, articulista e conferencista. Caracterizado não só como uma personalidade admirável, de grande gentileza e rigor profissional, ficou também conhecido pela sua abrangência e ecletismo na composição de vários géneros de música, da erudita à ligeira. Compôs música orquestral, vocal, de câmara, para piano, opereta, música de cena, canções, música para cinema e teatro de revista.
Filho da pianista Elvira Cândida de Araújo Guedes e do guarda-livros Augusto Pereira de Freitas, Frederico de Freitas aprendeu a tocar piano com a sua mãe.
Durante a década de 20, ingressou no Conservatório Nacional de Lisboa e compôs a primeira obra – Duas Avé Marias (1918). A sua primeira audição pública foi em 1922 com o Poema sobre uma écloga de Virgílio. Iniciou a sua carreira profissional como professor de canto coral no Liceu Nacional de Camões, Lisboa e mais tarde no Liceu Gil Vicente, Lisboa. Em 1924 foi considerado o introdutor da politonalidade e polirritmia na Península Ibérica ao compor a Sonata para violino e violoncelo. Após concluir os cursos de Composição, Piano, Violino e Ciências Musicais (1925) candidatou-se à bolsa para pensionista do Estado no estrangeiro. No ano seguinte casou-se com a colega de escola, Consuelo Fernandez Cabrera Varona e ganhou o Prémio Nacional de Composição com o Nocturno para violoncelo e piano. Após o nascimento da sua única filha, Elvira Manuela Fernandez de Freitas, em 1927, teve início o período de maior sucesso do compositor. Da estreia na composição de música para revista, resultou a revista Água-pé.
Nos anos 30-40, Frederico de Freitas notabilizou-se pela composição para cinema com os sucessos de Ai-ló (1930) e A Severa (1931). Em 1935, assumiu a direção da Orquestra Portuguesa e Orquestra de Câmara e a subdireção da Orquestra Sinfónica (integrantes do sistema orquestral da Emissora Nacional). Com a criação do Grupo de Bailados Verde Gaio em 1940 por António Ferro, na altura diretor do Secretariado da Propaganda Nacional, Frederico de Freitas tornou-se diretor musical do grupo e passou a compor música para os bailados coreografados por Francis Graça.
Dos grandes sucessos destacam-se Muro do derrête (1940), Dança da menina tonta (1941), Imagens da terra e do mar (1943), Nazaré (1948). Após a apresentação da obra Quarteto concertante, em 1942, foi agraciado com o Prémio de Composição Domingos Bontempo. Em 1944, foi nomeado como um dos principais compositores contemporâneos pelo Secretariado de Propaganda Nacional, Lisboa. Em 1949 assumiu a direção da Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto, onde permaneceu até 1953. O objetivo seria orientar o futuro da orquestra, uma vez que esta se aproximava da sua extinção devido a dificuldades económicas.
Paralelamente à composição e à direção orquestral, desenvolveu trabalho no campo da Musicologia e tornou-se correspondente da Revista musical ilustrada (RITMO). Na mesma altura, realizou digressões pela Suíça, Bruxelas, Brasil, Paris, Roma e Espanha (1957) e regeu concertos no 1º Festival de Música da Madeira, o que lhe valeu uma homenagem por parte da Câmara Municipal do Funchal, Região Autónoma da Madeira - Portugal.
Em 1959, o compositor foi convidado para realizar uma palestra no Seminário Conciliar de Braga sobre uma temática, no âmbito da música, à sua escolha. No ano seguinte, a convite do Clube Português, Bahia - Brasil, participou numa conferência com Música trovadoresca peninsular e a sua projeção na obra de Gil Vicente.  
Foi novamente homenageado, com a atribuição Prémio Nacional de Composição Carlos Seixas com a Sonata de igreja em 1963 e em 1971 com a Stabat mater .
Colaborou na Enciclopédia Verbo até 1979.
Frederico de Freitas faleceu repentinamente, vítima de ataque cardíaco, deixando incompleta a obra Farsa de Inês Pereira. Deixou à cultura portuguesa um extenso conjunto de composições, muitas delas ainda por editar.
 
Ref. bib.
Braga, H. L. (2013a). Entrevista a Álvaro Malta: A propósito de Frederico de Freitas. Glosas, 7, 24–26.
Braga, H. L. (2013b). Entrevista a Henrique da Luz Fernandes: A propósito de Frederico de Freitas. Glosas, 7, 27–29.
Côrte-Real, M. de S. J., & Latino, A. (2010). Freitas, Frederico Guedes de. In S. Castelo-Branco (Ed.), Enciclopédia da música em Portugal no século XX (pp. 524–529). Lisboa: Círculo de Leitores.
Preâmbulo: Entrevista a Elvira de Freitas. (2013). Glosas, 7, 18–23.
RTP - Rádio e Televisão de Portugal. (2018). Homenagem ao maestro Frederico de Freitas: Parte I. Retrieved from https://arquivos.rtp.pt/conteudos/homenagem-ao-maestro-frederico-de-freitas-parte-i/